1.11.15

Aconteceu o inesperado: o dia do aborto espontâneo I

Não sei por onde começar... já que tudo estava indo bem.

A cada 2 semanas eu tinha o compromisso de retornar a clínica para verificar e acompanhar o crescimento do bebê.
O sábado estava ensolarado, com um vento gelado, como de costume sendo dispertado pela Libby logo de manhã, vestimos ela com a fantasia de homem aranha (dia de Halloween) e levado para um passeio no parque. E às 11:30 eu retornaria para a clínica. Eu me sentindo tão bem achava que aquele retorno de rotina era um exagero.


Neste dia a clínica estava lotada, tinha grávidas de vários estágios.
Eu estava completando exatamente 10 semanas e 0 dias (10w0d) onde os exames iam começar a se intensificar. Pediram pela primeira vez para medir a pressão arterial, o peso e fazer a coleta da urina, e assim, seria em todas as próximas consultas.

Foi também o dia que usei pela primeira vez o "boshitecho" a caderneta materno-infantil distribuido pelo governo japonês. Também usei pela primeira vez o cupon de consultas gerais para a gestante emitidos quando você dá entrada para receber a caderneta. Nesta consulta iria também fazer o exame contra prevenção de câncer de colo de útero. Pude usar o cupom gratuíto emitido pela prefeitura.
       


Era minha terceira consulta e todos os 3 foram com médicos diferentes. Desta vez era um doutor já bem mais de idade, tinha os cabelos grisalhos, olhos meio caidos e falava manso, tão baixinho que nem conseguia ouvir o que dizia.
O Teppei também podia me acompanhar , entrou na sala e participou da conversa viu o seu bebê pela tela da ultrasonografia.

O médico fez aquelas 3 perguntas básica:
- Quandas semanas?
- Sente enjoada, algum outro sintoma?
- Tem sangramento?
E logo pede para sentar na cadeira ginecológica e procede o recolhimento do material para o exame do câncer do colo uterino.
O médico então começa a ecografia via endovaginal (dentro da vagina) e verifica o feto. Vizualizando o feto ele começa a questionar o tamanho, pergunta sobre os dados da consulta passada (8 semanas) com a auxiliar jovem e começa a medir. O bebê aparecia tão nitidamente que na minha imaginação eles estavam comentando que o bebê estava um pouco grande para o momento; e então o médico fala:
- O feto está pequeno, ele está com o tamanho de 9 semanas...
- ... não estamos conseguindo confirmar o batimento cardiaco...

Demorei para processar aquela informação, fiquei sem reação. Via a tela e não acreditava que foi constatado ausencia de batimento cardiaco, e não acreditava porque eu simplesmente estava me sentia bem.

-... o feto parou exatamente de se desenvolver em 9 semanas e 3 dias .- confirma o médico

Isto é, foi na terça-feira da semana, um dia de muita ventania, quando esqueci a chave do apartamento e tive que esperar o Teppei voltar do local do acidente (colocar flores para homenagear a namorada do amigo). Eu sei que isso não justificava o motivo, mas eu recordei  deste dia e por incrível que pareça eu passei o dia muito bem.

Desço então da cadeira ginecológica e vou me vestir, enquanto isso o médico começa a explicar a situação para o Teppei. Eu vejo semblante abalado, ficou sem reagir assim como eu fiquei. Não deu para sentir nem tristeza, nem pânico, nem medo, estavamos em estado de choque.
Fui novamente examinada pelo médico chefe, numa outra sala numa máquina de ecografia mais avançada. E realmente deu para ver que não havia pulsação e não havia sinais de cirulação de sangue, visualizada em riscos vermelho na tela, só havia sinal vermelho ao redor em outros orgão menos no coraçãozinho do bebê.
Foi então neste dia 31 os dias das bruxas, o dia que foi confirmada o aborto espontâneo.

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